Projecto - Introdução

O consumo crescente e o impacto ambiental e social causado pelas fontes de energia tradicionais levam governos e sociedades, no mundo, a pensar em novas alternativas para a criação de novas energias, a fim de substituir o petróleo, que tem a sua exploração destinada a terminar num futuro relativamente próximo.

Diante deste cenário, a procura de fontes alternativas de energia já é uma realidade amplamente presente no cenário mundial, com iniciativas governamentais e principalmente, da iniciativa privada, em especial das indústrias. As fontes alternativas ao petróleo causam impactos substancialmente menores e evitam a emissão de toneladas de gás carbónico na atmosfera. O debate sobre os impactos causados pela dependência de combustíveis fósseis contribui para o interesse mundial por soluções sustentáveis por meio da geração de energia oriunda de fontes limpas e renováveis.

 A primeira crise energética, no inicio da década de 70, provocada pelo impacte petrolífero que abanou seriamente as estruturas energéticas então vigentes nos países economicamente desenvolvidos, não apresentando a mesma relevância para todos; para uns tratava-se apenas de uma crise conjuntural superável com o tempo e que não tinha nada a ver com os hábitos de gastos energéticos das sociedades ditas de consumo e do bem-estar, enquanto para outros era o duvidar de toda uma dependência de consumo de energia, era o pôr em causa de um determinado tipo de crescimento económico (Moita, 1987).

O certo é que, desde ai, a energia passou a ser vista como um bem escasso ou, pelo menos, não inesgotável e que temos assistido, principalmente nos países europeus de economia mais avançada, a um profundo trabalho de investigação em torno das potencialidades da energia renovável (Moita, 1987; Bobin, 1999).

Hoje há uma forte consciência de que a energia, na sua produção e no seu uso, tem um impacto ambiental que urge minimizar. Relativamente às fontes de energia fósseis, assiste-se hoje à redescoberta do gás natural e à gestão mais rigorosa do petróleo e do carvão. O uso de energias renováveis é visto agora, como uma prioridade, sendo hoje dedicados largos fundos e meios de investigação ao desenvolvimento da sua utilização. A nível europeu, as energias renováveis são ainda uma componente de pequena dimensão no total da energia consumida, mas existe o objectivo de, até 2020, constituírem no mínimo 18% das origens de energia necessárias (Braga, 1999).

Os recursos renováveis estão longe de estar completamente explorados: o potencial da energia eólica e solar é grande, e já estão em curso os programas de aproveitamento energético dos resíduos urbanos.

Fundamentalmente, trata-se de saber que tipo de energia, sob que forma de captação e com que custos a Natureza nos pode fornecer, para as nossas necessidades diárias e se estamos preparados ou não para enfrentar o desafio de a aproveitar.

Neste contexto, é importante referir que Portugal tem condições para atingir e ultrapassar o objectivo de 18% de origens renováveis de energia, considerando o seu potencial hídrico e os produtos florestais disponíveis (Braga, 1999).

Não devemos desprezar o esforço generalizado de gastar menos e melhor. No entanto, os inegáveis avanços verificados não conseguem esconder que os prazos de esgotamento das principais fontes de energia se situam em horizontes já mensurável e que o impacto ambiental do seu consumo pode determinar um horizonte temporal ainda mais reduzido.

A nossa geração está perante um desafio difícil; tem a sua existência e relativo bem-estar garantido, mas sabe perfeitamente que está a gastar recursos de um modo excessivo e com risco para as gerações futuras (Carapeto, 1998).

O intuito deste estudo é tentar vencer esse desafio, estimulando a sensibilização, compreensão e reflexão crítica dos alunos, sem pretender estabelecer códigos de conduta, mas sim propondo ideias e sugestões várias e com elas a possibilidade a cada um de encontrar e pôr em prática a alternativa que mais lhe convier.

Nos últimos dez anos as questões ambientais instalaram-se no palco das preocupações públicas, sociais e politicas nacionais. Surge assim a imperiosa necessidade de encarar o Homem, o seu Ambiente e as suas Intervenções sobre ele, numa perspectiva integrada e de equilíbrio (Schmidt, 1999). Apontando assim, directamente no sentido de uma educação para a Cidadania.

Trata-se de estabelecer uma organização entre sociedade e Ambiente que seja realmente sustentável e que passe por conceitos e práticas ajustadas à realidade, obtidos através de um processo de formação de cidadãos interessados, atentos e realmente preocupados com a resolução de problemas da sociedade onde estão inseridos (Morgado et al. 2000).

 

 Justificação do tema

A primeira questão que se pode colocar é saber qual a relevância deste tema num contexto de Área de Projecto. O problema da disponibilidade e utilização de energia tem acompanhado o progresso da humanidade.  

Atendendo a que este recurso está directamente relacionado com a capacidade de produzir riqueza e bem-estar e, adicionalmente, à sobrevivência de 6000 milhões de pessoas, o problema ganha contornos actuais.

Nos próximos 25 anos seremos mais 2 biliões de pessoas, 97% dos quais em países subdesenvolvidos. Isto significará uma pressão enorme nos recursos que temos disponíveis: água, comunicações, energia. Nos países em vias de desenvolvimento, a criação de fontes de energia sofre um aumento anual de 75000 MWatts, em que apenas 1000 MW provêm de energias renováveis. E isto num contexto em que as próprias multinacionais da área de energia admitem que daqui a 25, 50 anos, 50% da energia terá que vir forçosamente de energias renováveis..." (Pimenta, C. (2000))

A situação está realmente negra. Se as duas biliões de almas que vão nascer nos próximos 25 anos gastarem energia como nós, não vai haver que chegue. O próprio presidente do Banco Mundial demonstrou-se extremamente alarmado com esta situação, tornando o desenvolvimento de formas alternativas de produzir energia, como uma das suas grandes prioridades. Reparem que não estamos a falar de um problema a longo prazo. Vinte e cinco anos! Daqui a 25 anos ainda nós cá estamos, portanto nem sequer é um problema dos que vierem a seguir.

A conversa não é nova. Todos estamos verdes de ouvir falar em poluição, efeito de estufa, catástrofes ecológicas, escassez de petróleo, buraco de ozono e outros tantos problemas relacionados com o consumo excessivo de energia. A Greenpeace, a Quercus berram aos quatro ventos. As próprias petrolíferas reconhecem o problema, embora reajam de uma forma que lhes protege os lucros e que não coincide obviamente com uma perspectiva ambiental.

E o que é que nós fazemos?

O problema da energia assume contornos ainda mais prementes quando pensamos nas consequências que o seu mau uso acarreta: problemas de saúde, problemas ambientais. Por isso penso que este tema tem uma importância extraordinária e que a adopção de energias renováveis tem que necessariamente ser acelerada.

No entanto outros problemas persistem: as fontes fósseis não são renováveis pelo que o seu prazo de utilização é limitado; continua-se dependente de um leque muito restrito de opções; suspeita-se que a acumulação de CO2 na atmosfera (gás resultante da queima de combustíveis com carbono) está directamente relacionada com o aquecimento global por efeito de estufa. Por outro lado a opção nuclear que, após um período de estagnação desde meados da década de 1980, está a ganhar uma importância crescente, não poderá resolver o problema energético devido à sua reduzida flexibilidade de utilização e ao problema dos resíduos do processo.

Mas, até quando terá o nosso planeta recursos suficientes capazes de permitir que o Homem possa evoluir e ou sobreviver?

 Caso não sejam encontradas novas soluções energéticas, o nosso estilo de vida e o nosso futuro podem estar comprometidos.

A solução para a crise energética tem que ser enfrentada com a utilização em grande escala das energias renováveis, tentando preservar as reservas de petróleo e gás natural ainda existentes.

 

Neste contexto, a utilização a fontes renováveis assume uma importância crescente. Em primeiro lugar porque são inextinguíveis; em segundo porque o seu impacto ambiental é consideravelmente diminuto; em terceiro, porque, juntamente com a opção nuclear representam a única forma de energia primária que não contribuem para o aumento de carbono na atmosfera.

Em Portugal este contexto ganha um contorno mais urgente pois o país possui poucos recursos energéticos e a utilização de energias renováveis está pouco disseminada.

Desta forma, a realização deste estudo terá como objectivo geral comparar estes tipos de produção de energia (fóssil e renovável) e mostrar que é importante investir em pesquisas para conseguir energia cada vez mais barata, eficiente e com menos impacto ao meio ambiente.

Reconhecendo também que é relevante mapear o conhecimento dos alunos sobre o assunto, apresentaremos uma análise do entendimento de alunos acerca das fontes de energia e das alternativos ao petróleo. Para explicitar tal conhecimento, foi solicitado que cada estudante respondesse a um questionário centrado nas questões atrás mencionadas.