Maremotriz

A energia dos mares é a energia que se obtém a partir do movimento das ondas, a das marés ou da diferença de temperatura entre os níveis da água do mar. Ocorre devido à força gravitacional entre a Lua, a Terra e o Sol, que causam as marés, ou seja, a diferença de altura média dos mares de acordo com a posição relativa entre estes três astros. Esta diferença de altura pode ser explorada em locais estratégicos como os golfos, baías e estuários que utilizam turbinas hidráulicas na circulação natural da água, junto com os mecanismos de canalização e de depósito, para avançar sobre um eixo. Através da sua ligação a um alternador, o sistema pode ser usado para a geração de eletricidade, transformando, assim, a energia das marés, em energia elétrica, uma energia mais útil e aproveitável.

A energia das marés têm a qualidade de ser renovável, como fonte de energia primária não está esgotada pela sua exploração e, é limpa, uma vez que, na transformação de energia não produz poluentes derivados na fase operacional. No entanto, a relação entre a quantidade de energia que pode ser obtida com os actuais meios económicos e os custos e o impacto ambiental da instalação de dispositivos para o seu processo impediram uma notável proliferação deste tipo de energia.

Outras formas de extrair energia a partir da energia das ondas oceânicas são, a energia produzida pelo movimento das ondas do oceano e de energia devido ao gradiente térmico, que faz uma diferença de temperatura entre as águas superficiais e profundas do oceano.



Fig.1 -Maquete representativa da aplicação de uma turbina de bulbo, numa usina geradora de energia maremotriz.

 

Vantagens:

§         É uma energia renovável;

§         Não produz qualquer tipo de poluição;

§         Não requer material muito sofisticado.

 

Desvantagens:

§         O fornecimento de energia não é contínuo;

§         Baixo rendimento;

§         São necessárias amplitudes de marés superiores a 5 metros para que este tipo de energia seja rentável;

§         As instalações devem ser fortes o suficiente para resistir a tempestades mas sensíveis o suficiente para obterem energia das marés.

 

Energia maremotriz em Portugal:

 Quase em segredo absoluto, no verão passado foi instalada frente à praia da Aguçadoura (Póvoa do Varzim) a primeira central maremotriz do Mundo. Desenvolvida pela empresa escocesa Ocean Power Delivery do engenheiro David Lindley foi construída com apoio da Efacec que forneceu os respectivos transformadores e geradores de electricidade.

 Essencialmente tratam-se de grandes tubos semi-flutuantes de 30 metros, ligados entre si por uma articulação móvel e colocados em série na transversal das ondas. Estas fazem mover um tubo de cada vez que impele um fluido hidráulico numa movimentação energética suficiente para accionar geradores hidráulicos de electricidade do tipo Stingray. Trata-se pois de um óleo a alta pressão que acciona motores hidráulicos, os quais fornecem a energia mecânica a geradores eléctricos.

 Cada umas “serpentes” articuladas é constituída por cinco tubos que perfazem um comprimento de 150 metros e produzem 750 kW. 110 cilindros dariam para alimentar de electricidade 15 mil lares médios. A empresa escocesa inaugurou o seu sistema em Portugal porque a EDP e o Estado compram a electricidade marítima a 23,5 cêntimos por kWh, mas calcula que a Europa, e principalmente as ilhas britânicas, podiam produzir a partir do mar uns 300 Gigawatts, ou seja, tanto como a produção de 250 e 300 centrais nucleares.

  O evento passou despercebido em Portugal. Ninguém tomou conhecimento da instalação em Portugal de tão revolucionária técnica e do facto de a mesma ter sido construída com a participação de empresas portuguesas, nomeadamente a EFACEC que forneceu os transformadores e mais tecnologia de produção de electricidade. Não houve notícia do evento. Em primeiro lugar, porque os movimentos ecologistas não protestaram, mas também não vieram a público aplaudir e a instalação se processou sem acidentes. Em segundo lugar, também não houve protestos da parte dos pescadores, já que os cilindros estão instalados quase na rebentação das ondas, portanto, onde não se pesca. Em terceiro lugar, os surfistas que poderiam protestar não o fizeram, talvez por não terem associações para o efeito. Sem protestos não há notícia em Portugal; os jornalistas acham que a sua missão é apenas denegrir o País e revelar acidentes ou protestos. Enfim, o facto de haver blocos noticiosos das rádios alemãs que são publicados na Net e vários sites internacionais que discutem a problemática da energia no Mundo. Aí, a instalação da Aguçadoura foi bem referida.