Biomassa

 A biomassa é uma fonte de energia, derivada dos produtos e sub-produtos da floresta, resíduos da indústria de madeira, resíduos de culturas agrícolas bem como resíduos da manutenção de jardins.

Na definição de biomassa para a geração de energia excluem-se os tradicionais combustíveis fósseis, embora estes também sejam derivados da vida vegetal (carvão mineral) ou animal (petróleo e gás natural), mas são resultado de várias transformações que requerem milhões de anos para acontecerem. A biomassa pode considerar-se um recurso natural renovável, enquanto que os combustíveis fósseis não se renovam a curto prazo.

 

BIOMASSA II
 


Em termos ecológicos a queima de biomassa provoca a libertação de dióxido de carbono na atmosfera, mas como este composto havia sido previamente absorvido pelas plantas que deram origem ao combustível, o balanço de emissões de CO2 é nulo. Outra das vantagens da biomassa é como é feita à base de residuos florestais reduz o risco de incêndios.

É de salientar que a biomassa, em termos de oferta de energia primária, poderá representar uma das maiores participações das renováveis, e em termos de impacte social (criação de emprego), poderá ser o recurso com maiores virtudes.

Os sistemas biomassa tem como base a combustão de pellets e perante a constante escalada dos preços dos combustiveis fósseis, esta é cada vez uma alternativa mais viável e a ter em conta.

 
 
ENERGIA DA BIOMASSA EM PORTUGAL  
  • Biomassa Sólida

    A floresta cobre cerca de 38% do território Português, estando distribuída essencialmente por:

    Tipo de floresta

    Área [milhares de ha]

    Pinhal e resinosas

    1136,3

    Montados

    1196,4

    Soutos e Carvalhais

    174,9

    Eucalipto

    695,1

    Total

    3306,1

     

     

    No entanto estes números não revelam o panorama actual do aproveitamento do potencial da biomassa florestal, que se traduz pelo quase "abandono" da floresta, sendo difícil quantificar o verdadeiro potencial energético deste recurso.

    Outros entraves como a falta de equipamentos para sistemas de recolha apropriado, falta de uma estrutura do sector, falta de tratamento fiscal adequado (a biomassa, por ex., a lenha está sujeita a uma taxa de I.V.A. de 19%, ao contrário de outras fontes: gás natural 5%), receio dos proprietários e industriais da indústria da madeira, uma grande agressividade de sectores concorrentes como o do gás, têm originado uma estagnação do aproveitamento deste potencial.

    Actualmente o potencial quantificável passa sobretudo pela biomassa florestal não havendo números para o sector agrícola, onde os resíduos da vinha, indústria do vinho, podas de olivais e árvores de frutos, do bagaço da azeitona, etc., poderão ter um interesse exploratório considerável.

    Os quadros seguintes sintetizam quantidades indicativas de biomassa florestal de acordo com a proveniência, distinguindo a produção de biomassa florestal e a efectiva disponibilidade deste recurso energético, valores estes obtidos com base na informação disponível, cujos valores reais se pensa são algo superiores.

    Produção de biomassa florestal:

    Tipo de Resíduo

    Quantidade
     [milhões de ton/ano]

    Matos (incultos)

    4,0

    Matos (sob-coberto)

    1,0

    Produção de Lenhas

    0,5

    Ramos e Bicadas

    1,0

    Total

    6,5



    Potencial disponível de biomassa florestal:

    Tipo de floresta

    Quantidade
     [milhões de ton/ano]

    Matos

    0,6

    Biomassa proveniente de áreas ardidas

    0,4

    Ramos e Bicadas

    1,0

    Indústria Transformadora da Madeira

    0,2

    Total

    2,2

    Fonte: https://www.igm.ineti.pt/edicoes_online/diversos/energias_renov/texto2.htm

    Já foram desenvolvidos alguns projectos nesta área, ente os quais o único exemplo de produção de energia eléctrica a partir da biomassa sólida é a Central Térmica de Mortágua.

     

    Bio combustíveis gasosos: bio gás

    Actualmente existe em Portugal cerca de uma centena de sistemas de produção de bio gás, na sua maior parte proveniente do tratamento de efluentes agro-pecuários (cerca de 85%) e destas cerca de 85% são suiniculturas.

    Este aproveitamento que, para além de resolver os problemas de poluição dos efluentes, pode tornar uma exploração agro-pecuária auto-suficiente em termos energéticos. Os efluentes sólidos resultantes podem ser ainda aproveitados como adubo.

    O bio gás representa actualmente cerca de 3% do consumo energético nacional.

    Existe no entanto um potencial muito maior por explorar, o qual está estimado em:

    Fonte

    Energia eléctrica
    [GWh/ano]

    Agro-pecuário

    120

    ETAR's

    157

    RSU (aterros)

    383

    Existem porém alguns constrangimentos que passam essencialmente por:

    - Uma fraca aceitação do processo de digestão anaeróbia, com excepção do tratamento das lamas das ETAR's.

    - Pouca relevância dada à valia energética dos projectos ambientais, avaliados essencialmente pela capacidade de tratamento.

    - Baixa retribuição da energia eléctrica produzida a partir da digestão anaeróbia, prejudicando assim a amortização dos investimentos.

    Alterações recentes aos tarifários poderão levar a uma maior implementação de projectos de aproveitamento de bio gás.

     

    Bio combustíveis líquidos

    No que respeita a utilização dos bio combustíveis líquidos em Portugal, apenas existem alguns projectos de utilização do Bio diesel em marcha, como o de alguns autocarros públicos em Lisboa, no entanto a percentagem de Bio diesel utilizada não vai além dos conservadores 10%.

    Esta fraca produção e utilização deve-se a uma série de constrangimentos de caris não tecnológico:

    - Escassez de terra disponível para a produção das culturas fonte, criando uma falta de matéria-prima, apesar de por vezes as culturas estarem condenadas a ficar na terra ou a irem para o lixo por falta de qualidade, quando o potencial energético poderia significar um lucro considerável.

    - A baixa produtividade agrícola Portuguesa.

    - Custo elevado da matéria-prima e do processamento industrial devido a baixa produtividade.

    - Custo elevado na recolha e transporte da matéria-prima nos casos do aproveitamento dos resíduos florestais para a produção de etanol.

    - Instabilidade dos preços.

    - Acordos internacionais e europeus que limitam a produção e utilização dos subprodutos da cadeia de produção dos bio combustíveis.

    - Custos elevados dos bio combustíveis, devido aos factores já enumerados, face aos combustíveis convencionais.

    No entanto estão a ser tomadas medidas legislativas com vista ao cumprimento das Directivas Comunitárias sobre o Bio diesel.